segunda-feira, 1 de dezembro de 2008


Pablo Neruda

Amor, quantos caminhos até chegar a um beijo
Que solidão errante até tua companhia!
Seguem os trens sozinhos rodando com a chuva.
Em tal não amanhece ainda a primavera.
Mas tu e eu, amor meu, estamos juntos,
Juntos desde a roupa às raízes, juntos de outono,
De água, de quadris, até ser só tu, só eu juntos.
Pensar que custou tantas pedras que leva o rio,
A desembocadura da água de Boroa,
Pensar que separados por trens e nações
Tu e eu tínhamos que simplesmente amar-nos
Com todos confundidos, com homens e mulheres,
Com a terra que implanta e educa cravos.