sexta-feira, 12 de dezembro de 2008

Carlos Drummond de Andrade


AMOR ANTIGO


"O amor antigo vive de si mesmo

não de cultivo alheio ou de presença.

Nada exige nem pede.

Nada espera,mas do destino

não nega a sentença.

O amor antigo tem raízes fundas,

feitas de sofrimento e beleza


Por aquelas mergulhas no infinito,

e por estas suplanta a natureza

Se em toda parte o tempo desmorona

aquilo que foi grande e deslumbrante,

o antigo amor, porém, nunca fenece

e a cada dia surge mais amante.


Mais ardente, mas pobre de esperança.

Mais triste?

Não.

Ele venceu a dor,e resplandece

no seu canto obscuro,

tanto mais velho quanto mais amor