terça-feira, 17 de março de 2009

Um tributo a Flush - Em 17 de março de 2008 ele foi para o ceu dos cachorros!!!


"Ah, Flush", disse a Senhorita Barrett.


Pela primeira vez, ela o olhou nos olhos.


Pela primeira vez, Flush viu a dama deitada no sofá.


Os dois se surpreenderam.


Cachos pesados pendiam das laterais do rosto da Senhorita Barrett; grandes olhos espertos brilhavam; uma grande boca sorria.


Orelhas pesadas pendiam das laterais do rosto de Flush; seus olhos também eram grandes e inteligentes; sua boca estava aberta.


Havia algo de comum entre os dois.


Enquanto encaravam um ao outro, pensaram: aqui estou eu.


Então, sentiram: mas que diferente! O rosto dela era pálido, de uma inválida, afastado do ar, da luz, da liberdade. O dele era o rosto saudável e afetuoso de um animal jovem; cheio de saúde e de energia.


Separados violentamente, apesar de originados no mesmo molde, será que um completava o que estava latente no outro?


Ela realmente poderia ser tudo aquilo, mas ele... não.


Entre os dois existia o maior abismo que pode separar um ser do outro. Ela falava. Ele era mudo.


Ela era uma mulher; ele era um cão.


Assim, intimamente ligados; assim, imensamente separados, um encarava o outro.


Então, de um salto, Flush subiu no sofá e se acomodou no lugar em que permaneceria para todo o sempre — sobre a manta aos pés da Senhorita Barrett.